segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Antes que se acabe-VII-I-MMXIV.

Antes que a poesia se acabe acabo eu desiludida e ela que ilude voa infinita mente quem acredita seu fim sim creio que palavras jogadas ao vento propagam em ondas infinitamente sonoras senhoras em negros vestidos longos viúvas de um cristo fixo lamentam chorosas os filhos que secaram em seus ventres seus entes nunca tidos por falsas gravidez e os bicos úmidos de um leite a empedrar escorrem brancos no negrume das vestes e pingam nas mãos presas ao terço em mântrica oração desprendida de palavras repetitivas que ecoam ao vento lento caminhar da casa ao templo num tempo sem ilusões ou crenças absurdas de um novo rebento a mamar-lhe avidamente ou um velho louco na praça a declamar poesia do fim dos tempos de mulheres enlutadas com lágrimas secas e vozes embargadas no funesto ritual de um provável fim que recomeça antes que se acabe em novo verso, nova prosa, poesia em mim.

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