terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Nem todas as entidades estão fora de nossos passos, desprovidas de pele, de cachos esbranquiçados. Há aquelas que cantam nos tablados para mostrar que lá do alto o ser humano é ouvido e propagado pela voz e pela face em seus já envelhecidos traços. Há entidades que cantam porque dão à luz a nossa própria voz calada. Maria Bethânia fala o que não sabemos falar, canta o que não ousamos cantar. Maria Bethânia é deusa, entidade cuja mortalidade nos chega sob um sopro imortal daquilo que, censuremos ou não, almejamos lá no fundo da alma: Ela revela sob o pulso das palavras que propaga: "...não me arrependo de nada, nem do bem que me fizeram, nem do mal, pra mim tanto faz..." e sangramos vida por um momento numa forte eternidade. Saravá, Maria de todos nós.

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