segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Desde pequena eu amo escrever à noite, nessa hora entro em contato com muitas emoções que no decorrer do dia não pude me dar ao luxo de aprofundar, vasculhar...
A tristeza é uma delas.
À noite, com o seu silêncio quase perturbador, posso ouvi-la melhor.
É como se a tristeza pudesse me acariciar com mais intimidade, sem pudores.
Refiro-me aqui não a tristeza vulgar das coisas que nos perturbam, dos problemas cotidianos, mas da tristeza criativa.
Aquela que sussurra a inspiração quase gemida aos ouvidos, a tristeza criativa dos poetas.
Parece insano gostar dela enquanto tantos a repudiam, mas o fato é que de alguma forma ela me invade com as suas inspirações.
Em momentos assim posso sentir saudades do que perdi e daquilo que nunca tive, mas que em meus sonhos foram verdades vividas...
Posso sentir, quase tocar a tristeza romântica que me inebria com promessas vãs...
Uma tristeza amável, amiga, que me permite entender melhor a dor do mundo, a solidão das pessoas e a ouvir os sons da Terra que se move sob meus pés.
É uma tristeza que só à noite me permite abraçar e entender.
Coisa de maluco?
Provavelmente, mas como criar sem um toque de insanidade?
Como reinventar sem quebrar o convencional?
Em uma sociedade que idolatra uma alegria forçada em outdoors, porque não brindar a tristeza em forma de poesia?
Por que negar um sentimento que também nos ensina a sermos melhores, menos soberbos e mais intimistas?
Um brinde à noite!
Um brinde ao seu silêncio!
Um brinde a tudo aquilo que aprendemos entre os nossos risos e as nossas tristezas, a tudo que nos constrói!
'Ligia Guerra'
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