quinta-feira, 21 de julho de 2011

Pensar é transgredir




Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos... Mas compreendi, num lampejo: é isso, é assim.

Apesar dos medos, convém não ser demasiadamente fútil, nem acomodado demais. Às vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, ou mergulhar primeiro para depois ver o que acontece...

Para reinventar-se é preciso pensar: isso eu aprendi muito cedo. Lembrar de quem somos... do que queríamos ser, do que acredito ser, no que quero me tornar. Ou seja, há muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante "parar para pensar, nem pensar!"

O problema é que, quando menos se espera, o pensamento chega e nos faz parar.... E a gente pára para pensar, mesmo sem ter programado...

Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.

Somos demasiado frívolos; buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado para o outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro passo deveria ser parar e analisar. Afinal, quem somos e o que fazemos com a nossa vida, com o tempo e com os amores? E com as obrigações também, é claro, porque não temos infinitamente 5 anos de idade quando a prioridade é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.

Mas, pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho; é sair para as varandas de si mesmo, olhar em torno e, quem sabe, finalmente respirar.

(Texto de Lya Luft , do livro "Pensar é transgredir" – ed. Record)

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