domingo, 11 de março de 2012


A
DANÇA

Não te amo como se fosses uma rosa ou um topázio
Ou a flecha
de cravos, que o fogo lança.
Amo-te como certas coisas escuras devem ser
amadas,
Em segredo, entre a sombra e a alma.
Amo-te como a planta que não
floresce e carrega,
Escondida dentro de si, a luz de todas as flores.
E,
graças ao teu amor, escura no meu corpo
Vive a densa fragrância que cresce da
terra.
Amo-te sem saber como ou quando ou de onde.
Amo-te tal como és, sem
complexos nem orgulhos.
Amo-te assim porque não sei outro caminho além
deste
Onde não existo eu nem tu.
Tão perto que a tua mão no meu peito é a
minha mão.
Tão perto que, quando fechas os olhos, adormeço.

(Pablo
Neruda)

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